O prefeito eleito Abilio Bruni (PL) criticou na noite de quarta-feira (18) a cumplicidade da Câmara de Cuiabá com a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), mesmo após diversos escândalos de corrupção, operações policiais e dívida bilionária.
Isso demonstra uma impunidade de todas as etapas do processo, o cara ter as contas aprovadas e ficar impune 8 anos mesmo com tantas operações
“Ele deu uma entrevista para vocês falando que vai deixar [o caixa] quase como ele recebeu e falando que não vai deixar com nada mesmo, vai deixar uma dívida alta. Isso demonstra uma impunidade de todas as etapas do processo. O cara ter as contas aprovadas e ficar impune oito anos mesmo com tantas operações!”, afirmou Abilio, logo após a cerimônia em que foi diplomado como futuro prefeito, no Teatro Zulmira Canavarros.
“O cara foi protegido pela Câmara, o cara foi protegido por todo o sistema e está saindo tranquilo”, completou.
Durante toda o mandato de Emanuel, o Legislativo municipal enterrou 19 pedidos de comissão processante que poderiam levar à cassação do mandato do emedebista. A maioria deles dizia respeito a suspeitas de corrupção.
Abilio se refere também à intenção de boa parte dos vereadores de votar ainda nesta legislatura e aprovar as contas de Emanuel referentes a 2022 e 2023.
As contas de Emanuel, referentes a 2022, tinham recebido parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado) pela reprovação, em dezembro de 2023. Na ocasião, os conselheiros e o Ministério Público de Contas apontaram rombo de mais de R$ 1,2 bilhão. No último dia 3 de dezembro, no entanto, o TCE acatou um recurso do prefeito e deu parecer pela aprovação.
Já as contas de 2023 tiveram parecer favorável no último dia 10 de dezembro.
Agora caberá à Câmara votar os dois pareceres, podendo mantê-los ou derrubá-los, o que representaria a reprovação das contas. Mas, como o prefeito tem maioria na atual Legislatura, a tendência é de aprovação.
Abilio reclamou ainda do calote que a Prefeitura tem dado em empresas terceirizadas, citando uma declaração de Emanuel na última segunda-feira (16), durante uma audiência sobre a situação da Saúde, no Tribunal de Justiça.
“Emanuel deixou claro na própria audiência que não vai deixar um centavo no cofre. E a gente tem empresas aí com três, quatro folhas em atraso. Como você renegocia as dívidas com as empresas no começo da gestão, principalmente as da saúde, sem dinheiro no caixa?”, questionou.
“É uma impunidade do processo como um todo. Eu chego a achar que fica até ‘risonho’ pensar que você pode ser punido, enquanto outros passaram oito anos lá e sequer houve qualquer tipo de punição”, disse Abilio.
No mesmo evento, mais cedo, Abilio já tinha declarado que vai receber um déficit de quase R$ 1 bilhão de dívida da gestão Emanuel, além do caixa zerado.
“As contas do Emanuel serem aprovadas diante dessas circunstâncias é um certo constrangimento. Não para mim, mas para a população cuiabana”, declarou na ocasião.
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