O administrador de empresas de Cuiabá, Paulo Henrique Costa, de 56 anos, competiu no 16º Campeonato Sul-Americano de Natação Master e trouxe para casa quatro medalhas de ouro e duas de prata.
É emocionante, você encontra amigos, faz novas amizades, se diverte competindo
O evento aconteceu em Buenos Aires, na Argentina, entre os dias 15 e 19 de outubro. Paulo competiu na categoria 55+ e participou de cinco provas individuais e três provas de revezamento por equipes.
“É emocionante, você encontra amigos, faz novas amizades, se diverte competindo. E você acirra disputas. Como estou num nível de disputar o primeiro lugar, quero sempre ser o primeiro lugar”, diz.
Os campeonatos master são competições em que atletas mais experientes competem de acordo com a faixa etária.
Desde que voltou a competir, em 2021, Paulo já participou de três campeonatos sul-americanos e soma mais de 15 títulos brasileiros em provas individuais, sem contar as provas de revezamento.
“Competir é algo inerente à minha pessoa. Faço por amor. Para mim, é um negócio sério, mas também é uma atividade de lazer, onde você acaba conhecendo diversos lugares, pessoas e culturas diferentes”, explica Paulo.
Arquivo pessoal
Medalhas conquistadas em Buenos Aires
Apesar das dificuldades para se manter no esporte, como a falta de patrocínio e incentivo do governo, Paulo diz não se imaginar fora das competições.
“Quero persistir no esporte até mesmo para a manutenção da minha saúde. Não penso em parar. Passo dificuldades nos treinos, treino sozinho, mas continuo, persisto, sei o que tenho que fazer”, completa.
A especialidade de Paulo é a prova de 50 metros nado livre. Desde que voltou para as competições, ele já realizou a prova 16 vezes e venceu 13 delas. “Eu venci 13, fui segundo uma vez e quarto colocado duas vezes. É a minha especialidade”.
Desde pequeno
Paulistano de nascimento e cuiabano de coração, o atleta começou a nadar quando ainda era menino, aos 5 anos. Ele seguiu carreira e competiu até os 21, faturando inúmeros títulos em diferentes tipos de competição.
“Na época, não se tinha uma perspectiva esportiva muito grande no Brasil. Era mais ou menos um prazo de validade. Você nadava, chegava nessa idade e ia para a faculdade, procurava um trabalho. Era cultural daquele momento”, afirma.
Inspirado pelas Olimpíadas do Rio de Janeiro e para se manter saudável, Paulo decidiu voltar a nadar no auge dos seus 46 anos. “Não tinha objetivo nenhum de competir naquele momento”.
Na época, Paulo sequer imaginava a possibilidade de voltar a competir. “Um treinador falou sobre isso e fiquei interessado, comecei a pesquisar, fui no site da Associação Brasileira de Natação Master, vi os tempos dos concorrentes e comecei a treinar”.
O atleta voltou a treinar em 2019 e, por conta da pandemia, só conseguiu participar de sua primeira competição em mais de três décadas em 2021, em um campeonato brasileiro.
Arquivo pessoal
Paulo Henrique saindo de pscina após competição
“Já nessa primeira competição, eu fui campeão brasileiro em duas provas e surgi no cenário master de uma hora pra outra. Quando ganhei, todo mundo ficou surpreso”, relembra.
Um olhar ao esporte
Hoje, o atleta arca com todos os custos que o esporte traz, desde acompanhamento médico até despesas com viagens.
“Só me dá custos, não me traz retorno financeiro nenhum. Essa é uma dificuldade, mas a gente vai fazendo conta aqui, vai parcelando ali para poder participar. Já troquei meus cartões para acumular mais milhas”, diz.
O atleta já está de olho no Mundial de Natação Master de 2025, que acontece em Singapura. Para isso, está aprimorando seu currículo para tentar apoio do governo ou de alguma iniciativa privada.
“Quero conquistar pelo menos as passagens aéreas. Já me ajudaria muito para ir a Singapura em agosto do ano que vem”, diz.
Para Paulo, a natação é um esporte elitista e de pouca visibilidade no Estado.
“Já vi resultados bem menos expressivos do que os que tenho conquistado, por exemplo, com atletas de fisiculturismo. Mas o fisiculturismo está na moda fitness e chama muito mais atenção do que a natação”.
Enquanto em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo existem centenas de atletas na categoria, Mato Grosso tem apenas quatro.
“Em Mato Grosso, não temos divulgação de esportes para idades mais avançadas. Hoje, acho que estou plantando essa semente, espero ser referência e motivar pessoas em todas as idades a fazerem esporte como uma manutenção de saúde e a se divertirem através de uma competição”.
Veja: