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Escolas Livres ofertam formações para a valorização dos saberes e práticas ancestrais — Ministério da Cultura

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Projetos de valorização das culturas indígenas, publicação de livro digital, oficinas musicais, exposições de arte, exibição de documentários e diversos outros eventos de fortalecimento dos saberes ancestrais. No abril indígena, a Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura, realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), apresenta uma mescla de atividades formativas espalhadas por todo o país.  

As Escolas Livres são instituições da sociedade civil, selecionadas em 2023, via edital, organizadas em rede, que atuam em variadas linguagens da arte e da cultura. Elas desenvolvem tecnologias socioculturais e educativas, experiências e práticas, gerando impactos sociais nos territórios onde atuam. Atualmente, 68 organizações da sociedade civil atuam na oferta de ações variadas. 

“Não há educação sem cultura. Ambas caminham em nossas vidas e devem andar juntas como políticas integradas. Dessa confluência, temos uma diversidade de espaços formativos que oferecem à sociedade civil atividades, por exemplo, em teatro, dança, circo, literatura, música, audiovisual, culturas populares, afro-brasileiras e indígenas”, afirma o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba. 

“A Rede Nacional de Escolas Livres tem 68 organizações da sociedade civil fomentando a produção do conhecimento e de práticas pedagógicas que são inclusivas e diversas, trabalhando com as infâncias, com as comunidades indígenas, quilombolas, periféricas, enfim, uma grande variedade de ações, públicos e de metodologias”, aponta a Diretora de Educação e Formação Artística da Sefli, Mariangela Andrade. 

Abaixo você acompanha os destaques do mês abril de algumas escolas na pauta indígena:   

Escola Livre Casulo (MS) 

Foto: Kayque Paiva
O Casulo – Espaço de Cultura e Arte, localizado em Dourados, destaca, no mês de abril, a realização do Programa Cultivar como uma de suas principais iniciativas de formação e valorização das culturas indígenas. Criado para fortalecer o vínculo entre arte, educação e identidade cultural, o Programa ofereceu, ao longo de 2024, mais de 150 vagas gratuitas em oficinas e atividades formativas voltadas para crianças, jovens e adultos — indígenas e não indígenas, prioritariamente estudantes da rede pública. As formações abordaram linguagens como dança, teatro, canto, artes visuais e, com grande destaque, oficinas realizadas diretamente em comunidades indígenas, na AJI – Associação de Jovens Indígenas e na Casa de Reza Ywú Verá, promovendo o acesso direto e sensível à arte, a partir de suas próprias territorialidades.  

Em 2025, o Cultivar tem dado continuidade às suas ações com novas formações em produção cultural, iluminação e som, totalmente gratuitas, reforçando seu compromisso com o acesso à cultura e à profissionalização artística. Além disso, em março, foi realizada com sucesso a formação das Bandoleiras do Centro Oeste, banda composta por mulheres instrumentistas e cantoras residentes em Dourados, com uma proposta intercultural e decolonial, reunindo repertórios tradicionais (com cantos indígenas, por exemplo) e contemporâneos. Até o momento, o Cultivar já realizou 250 horas de atividades, das 310 previstas, consolidando-se como um projeto de continuidade e impacto. Foram ao todo 15 eventos realizados, incluindo 10 oficinas, 2 mostras culturais, a formação da banda Bandoleiras do Centro-Oeste, a oficina Cantos do Mundo e uma apresentação das Bandoleiras. 

Instituto Nova Era – Escola de Baques (AC) 

Foto: Acervo Instituto Nova Era
O Instituto Nova desenvolve uma pedagogia baseada nos saberes de mestres e mestras indígenas e seringueiros, promovendo a formação musical de forma profundamente conectada à ancestralidade, à floresta e à coletividade. A Escola Livre tem uma ação bem importante, com o polo Txana Bu, um espaço dedicado aos povos indígenas: o local realiza ações formativas que integram práticas musicais tradicionais, preservação ambiental e fortalecimento identitário. Na língua Hãtxa Kui, Txaná é o nome dado para o Japinim, pássaro que imita todos os sons e cantos existentes na floresta. Na atualidade, Txaná representa também os jovens compositores e compositoras indígenas do Acre. Esse processo fomenta não apenas a musicalidade, mas também a memória coletiva e o pertencimento cultural em um espaço de troca e criação artística.  

Outro destaque do projeto foi a realização de Vivências Musicais na Casa de Saúde Indígena de Rio Branco, onde a música tradicional foi utilizada como instrumento de cuidado, cura e fortalecimento espiritual. Indígenas de diferentes povos, em tratamento de saúde na capital, participaram ativamente da experiência, cantando, tocando e reafirmando sua cultura em um ambiente convencionalmente hospitalar, mas que se transformou, temporariamente, em espaço de celebração da vida e da floresta. Com ações de educação musical enraizadas nos ritmos dos Baques de Samba e de Marcha — tradições musicais dos povos Pano e Aruak presentes na musicalidade formada nos seringais acreanos — a Escola de Baques se firma como um projeto de resistência cultural. Ao reconhecer a música como meio de conexão com o território, com a espiritualidade e com a biodiversidade, o projeto atua na linha de frente da valorização das culturas indígenas e da preservação do meio ambiente.  

Associação Berê Xikrin (PA) 

A Escola Livre Berê Xikrin, em celebração ao Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril, realizou diversas ações com as Menires Xikrin – mulheres da etnia Mebêngôkre-Xikrin. Momento de imersão na cultura através de exposição de artes e artesanato. O evento, que aconteceu no Teatro Municipal Jarbas Passarinho, em Altamira, Pará, contou também com a apresentação de Danças e Cantos Tradicionais Xikrin e com o Lançamento do Documentário “Raízes da Celebração”,  

Ao longo de 2024, as Menires Xikrin participaram de oficinas de corte e costura, aprimoraram técnicas para produção de biojoias e desenvolveram habilidades em empreendedorismo.  

Thydêwá – Escola Livre Abya Yala 

Foto: Sebastian Gerlic
A Escola Livre Abya Yala, uma iniciativa da Thydêwá, oferece formações mensais destinadas a indígenas de Abya Yala, com foco na valorização das culturas indígenas. Por meio de cursos, oficinas e eventos, a escola busca fortalecer os saberes ancestrais, promover a interculturalidade e fomentar práticas que respeitam a diversidade cultural dos povos originários e promovem para toda a humanidade a valorização da diversidade viva. 

Por meio de rodas de conversa e troca de relatos, a escola tem reforçado a identidade cultural e incentivado a valorização das tradições indígenas. A entidade observa que essas vivências têm contribuído para o fortalecimento das comunidades indígenas e para a promoção de práticas que respeitam e celebram a diversidade cultural. O projeto tem aproximados indígenas de seis países e promovido a produção de dois livros digitais, ebooks. Além disso, a entidade lançou, no dia 15 de abril, a webserie “Inteligência Ancestral”, uma obra composta por sete episódios que abordam diferentes cosmovisões indígenas, reflexões sobre a humanidade, com foco em temas como arte, tecnologia e ancestralidade. 



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