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Bope diz que ladrões temem MT: “O fim para eles é quase certo”

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Novo comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), o tenente-coronel Hugo Roberto Silva Reis diz que a Polícia Militar de Mato Grosso evoluiu no combate aos criminosos do Novo Cangaço. 

 

E com a experiência, a gente acabou evoluindo a doutrina, melhoramos muito nessa atuação

O último crime cometido por bandidos desta modalidade no Estado foi em abril de 2023, quando eles tentaram roubar uma empresa de transporte de valores em Confresa. Ao final buscas, todos foram presos ou mortos pela Polícia. 

 

“A gente foi aprendendo conforme foram tendo os assaltos nessa modalidade. E com a experiência, a gente acabou evoluindo a doutrina, melhoramos muito nessa atuação”, disse em entrevista concedida ao MidiaNews nesta semana.

 

“Então, acabamos fazendo fama. E acredito que os criminosos têm receio em fazer isso aqui no Estado, porque o fim para eles é quase certo”.

 

Hugo Reis tomou posse no Bope no dia 5 de novembro. Com um perfil mais estratégico e social, ele promete dar continuidade no trabalho de seu antecessor e fazer melhorias focando o bem-estar dos policiais sob seu comando.

 

Hugo entrou na PM em 2000, e durante sua carreira ocupou diversos cargos, como coordenador-adjunto de Inteligência e Operações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado),  foi subcomandante do Gefron (Grupo Especial de Fronteira) e Comandante da Companhia de Operações Especiais do Bope.

 

Leia os principais trechos da entrevista:

 

MidiaNews – Poderia explicar para o cidadão comum qual é a principal função do Bope? 

 

Hugo Roberto Silva Reis –  É uma unidade de apoio às outras unidades da Polícia Militar. Nós atuamos em ocorrências de maior complexidade, tais como assaltos a banco, principalmente na modalidade do Novo Cangaço. Ocorrências de artefatos explosivos localizados, reféns localizados, e também atuamos hoje com o canil, que a gente quando em situações que tem droga, ou possível esconder droga, eles vão e fazem essa busca da droga.

 

 

MidiaNews – E o que diferencia um policial do Bope de um policial convencional? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Primeiro, o policial do Bope tem que querer estar na unidade. Querer muito! Porque ali você não tem nenhum incentivo financeiro. Daí você tem que fazer o curso que é bem difícil, seja ele o Coesp (Curso de Operações Especiais) ou o CAT (Curso de Ações Táticas). São dois cursos muito difíceis. Ele tem que se preparar fisicamente e intelectualmente para conseguir concluir. Depois disso tem que sempre se qualificar, o tempo todo, treinar fisicamente e tecnicamente, intelectualmente, para fazer frente a essas ocorrências que, como eu disse, são as de maior complexidade. 

 

MidiaNews – Então, essas questões da especialidade que os policiais conseguem ao decorrer da carreira não vão aumentar o salário deles? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – O nosso salário segue a carreira da Polícia Militar, mas não tem um acréscimo por estar no Bope. Quem sabe um dia a gente consiga esse fator a mais. 

 

MidiaNews – Quando o senhor ingressou no Bope?

 

Hugo Roberto Silva Reis – Eu me incluí na PM em 2000, e em 2005 fui para a Academia de Polícia do Costa Verde. Em 2007 fui convidado para ingressar no Bope, porque o Coronel Assis na época entendeu que eu tinha um perfil adequado. Então, como oficial da Polícia do Costa Verde, eu tive que fazer o curso, primeiro de ações táticas especiais, depois eu fiz o curso de caveira, o Coesp. E daí a gente começa a trilhar melhor ali dentro da unidade.

 

MidiaNews – Uma das críticas feitas ao Bope é que atira primeiro e pergunta depois. Como o senhor reage a este tipo de crítica? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Como a gente falou antes: as ocorrências que a gente atua são de maior complexidade. Se formos em uma ocorrência com refém, a gente só vai atirar se o perpetrador, aquele algoz, fizer algo de mal contra aquele refém. Daí a gente tem que atuar para a preservação da vida. Se for em ocorrência de Novo Cangaço, veja bem, nós estamos em um ambiente totalmente hostil. Com homens bem armados, que fizeram o assalto, a gente vai progredindo… E com certeza eles não estão para brincadeira, e nem nós, claro. Mas ali na mata, o nível de tensão é muito grande. Então a gente vai preparado, com armamento adequado e, ao menor sinal de ameaça contra a nossa vida, nós vamos reagir. 

 

 

MidiaNews – Então é uma reação ao nível do que os policiais estão enfrentando? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – É.

 

MidiaNews – E já falando no Novo Cangaço. O Bope participou de operações nos últimos anos em Mato Grosso que resultaram em várias prisões e mortes. Porém, nesse ano não houve nenhum ataque. O senhor acha que isso mostra a força da Polícia do Estado em combater este tipo de crime?

 

Hugo Roberto Silva Reis – A modalidade do Novo Cangaço era muito forte aqui dentro de Mato Grosso, começando lá em 2000. Quando ingressei no Bope, em 2007, nós já combatemos. Naquela época, porém, a gente não tinha muita técnica para isso. A gente foi aprendendo conforme foram tendo os assaltos nessa modalidade. E com a experiência, a gente acabou evoluindo a doutrina, melhoramos muito nessa atuação. Então os resultados foram muito positivos no sentido de dar proteção à sociedade e terminar com esse tipo de crime aqui no Estado. Então, acabamos fazendo fama. E acredito que os criminosos têm receio em fazer isso aqui no Estado, porque o fim para eles é quase certo.

 

MidiaNews – Um dos maiores desafios da Segurança Pública brasileira são as facções. O senhor acredita que elas ganharam poder demais nesses últimos anos em Mato Grosso? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Eu posso dizer isso com um pouco de propriedade, porque trabalhei no Gefron, trabalhei recentemente no Gaeco. Ali nesses dois locais, eu pude ver realmente que as facções, sim, tiveram algum avanço. Porém, o Governo do Estado está o tempo todo fazendo investimento na Segurança Pública. E não só na Polícia Militar, na Polícia Civil, na Polícia Penal, na Polícia Educativa, para que façamos frente de forma adequada a essas facções.

 

Estamos trabalhando o tempo todo para combater isso. Eu disse há pouco que o Bope atende ocorrências específicas, mas diante do avanço desses crimes com facções criminosas, nós não podemos deixar de também ajudar nesse contexto. Então, nós atuamos sim contra essas organizações, fazemos operações de apoio a vários comandos regionais para ajudar a combater um pouco mais essas facções.

 

MidiaNews – Eles também têm atuado de forma social nas comunidades, entregando cesta básica, fazendo festa, inclusive têm se associado a igrejas. Como o senhor acha que a Polícia pode combater estes criminosos? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – As polícias já estão fazendo algo nesse sentido. Não só as polícias. Repito: o Governo do Estado tem feito bastante ações nesse sentido. As polícias têm feito algo sobre isso e quando nós, as instituições, descobrimos que eles estão fazendo ações em determinados bairros, a gente toma providência. A gente vai lá, a gente conduz, apreende essa mercadoria, e destina da forma que o Estado quer que seja destinado, para não ficar nas mãos dessas pessoas.

 

Nós investigamos aqueles que estão fazendo isso. E também fazemos ações sociais. Até o Bope mesmo faz ações sociais. Nós temos a Escolinha de Futebol e o Judô do Bope, onde mais de 320 crianças são atendidas. Mostrando um outro lado, né? Que a população pode contar com a Polícia também. 

 

MidiaNews – Como está a estrutura do Bope em termos de equipamentos e armas? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Eu estive no batalhão de 2007 até 2015. Nós éramos poucos policiais, os investimentos eram bons para aquela época, mas hoje o investimento que o Estado aportou no Bope é imenso. Nós temos armamento de ponta, armamento de primeiro mundo. Somos a maior reserva bélica de polícias do Estado de Mato Grosso. E arrisco dizer que muito melhor que muitos Bopes no Brasil.

 

MidiaNews – Já temos um veículo como o caveirão?

 

Hugo Roberto Silva Reis – Nós não temos caveirão, porque o caveirão nasce de uma necessidade da Polícia do Rio de Janeiro, e de alguma outra cidade que tem essa necessidade. Nós não temos essa necessidade ainda. Não tem nenhum bairro de Cuiabá, do Estado, que a gente não consiga entrar e fazer o nosso trabalho. As pessoas respeitam o nosso trabalho. Eu tenho certeza que até mesmo os faccionados espeitam o Bope.

 

MidiaNews – Muito se fala da dificuldade para o ingresso no batalhão. Quais conselhos daria para um policial que quer entrar no batalhão? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Um policial que quer entrar no Bope tem que ter muita vontade de estar lá e ele tem que se preparar fisicamente e intelectualmente. A gente precisa de policiais inteligentes, bem treinados, resilientes, que não se frustram com qualquer situação. Inclusive, ano que vem a gente quer fazer um minicurso, de Coesp ou Caveira, como as pessoas mais conhecem, para tentar trazer mais policiais para a unidade. 

 

 

MidiaNews – É verdade que muita gente entra e uma minoria muito pequena se forma?

 

Hugo Roberto Silva Reis – Isso é real, isso é muito real. O curso não é fácil. Primeiro que você tem um longo período de tempo dentro do curso. Segundo, você aprende muita coisa. Então, são conhecimentos específicos e muitas vezes as pessoas vão saindo por vários motivos. Sejam eles por saudade da família, seja por questões psicológicas, de saudade da vida comum das outras pessoas. Porque nós não temos essa vida comum. Então, realmente, sim. É um curso muitíssimo difícil, tem que ter muita vontade para concluir. 

 

MidiaNews – E como o senhor avalia a sua experiência como subcomandante do Gefron. Quais foram os resultados mais marcantes que o senhor teve nesse tempo na fronteira? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – O Gefron é uma unidade que marca a vida da gente. Eu fui muito feliz ali no subcomando de Gefron, porque pude de alguma forma contribuir com o comandante e nós conseguimos fazer várias aquisições, desenvolver a unidade em termos técnicos e também materiais. O Governo do Estado aportou muito recurso financeiro, compramos armamento de ponta, desenvolvemos técnicas… Claro que isso foi com a ajuda dos policiais que ali trabalham, né? Fizemos cursos… Então, para mim, como policial militar, foi extraordinário ter a oportunidade de trabalhar no Gefron. 

 

MidiaNews – E quais habilidades e aprendizados da época que o senhor foi comandante da Companhia de Operações Especiais do Bope de Cuiabá, que o senhor acredita que mais contribuírão para sua gestão agora? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Então, naquela época eu trabalhei com o coronel Assis, o coronel Januário, o coronel Roque e outros oficiais. Acho que uma marca minha é saber ouvir os policiais, tentar dar essa qualidade de vida para eles. Esses oficiais me ensinaram a ouvir os colegas, a saber o que precisaria para dar gestão, dar qualidade de trabalho também. É um ponto que marca a minha carreira. 

 

MidiaNews – Quanto tempo o senhor ficou? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Fiquei três meses na chefia.

 

MidiaNews – Sobre a questão psicológica dos policiais, que foi muito discutida nos últimos anos por conta de alguns acontecimentos. Como o senhor pretende abordar essa questão do bem-estar dos policiais? Já teria algum projeto em mente? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Bom, o Bope já tem um setor de psicologia que acompanha os policiais. Nossa psicóloga fica sempre atenta a qualquer indício. Aliado a isso, ela também trabalha junto com as ocorrências de refém localizado, para a gente dar vazão às ocorrências de crise dessa natureza. Com relação aos policiais que tiverem algum problema, a gente vai estar acompanhando de perto. Sou uma pessoa que gosta de enfatizar o convívio familiar, entre o comando e os policiais, trazer para dentro da unidade as famílias deles, porque acho que o policial tem que ter essa base bem fortalecida, que é a família. 

 

MidiaNews – E o senhor tem alguma mensagem para passar para a população de Cuiabá e para os integrantes do Bope que o senhor vai liderar? 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Bom, espero que a gente consiga alcançar os anseios daquele efetivo da unidade, os anseios da sociedade. Quero que a sociedade não tenha preconceito conosco, porque o Bope é de portas abertas a qualquer um que quiser visitar a gente. Qualquer pessoa do bem que queira nos visitar, estarei lá para receber. Então, podem ficar tranquilos que a gente vai estar pronto a dar a segurança que a sociedade precisa e merece. 

 

MidiaNews – Vamos falar um pouco de sua carreira. O que motivou o senhor a ingressar na Polícia Militar em 2000 e quais foram os primeiros desafios da sua carreira. 

 

Hugo Roberto Silva Reis – Bom, quando eu era jovem, eu olhava para um policial militar e eu sentia vontade de servir na Polícia Militar, porque achava que eles eram heróis. Então, eu tive esse interesse, e depois que incluí na Polícia Militar, tive vários desafios. O primeiro foi ser promovido dentro da instituição, que tem que estudar bastante, até conseguir avançar. Graças a Deus, tudo deu certo nesse momento da minha carreira.

 

Assista a entrevista na íntegra:

 





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