O delegado Edison Pick, da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), lavrou a prisão em flagrante do procurador Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, pelo assassinato do morador de rua Ney Muller Alves Pereira, de 42 anos, na noite de quarta-feira (9), na Avenida Edgar Vieira, em Cuiabá.
O suspeito se entregou, espontaneamente, na DHPP, mas com as diligências que estavam no curso, já tínhamos a identificação dele
Pick disse que deve pedir o indiciamento do servidor pelo crime de homicídio qualificado. O homicídio qualificado é um crime hediondo que ocorre quando alguém mata outra pessoa com circunstâncias agravantes. Entre as agravantes citadas pelo delegado estão motivo fútil, emboscada e traição.
O inquérito segue em andamento e o procurador, ao final, deve responder por essas qualificadoras. “Agora, ele vai responder o inquérito policial por homicídio qualificado com motivo fútil, emboscada e traição”, disse o delegado em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (11).
“O suspeito se entregou, espontaneamente, na DHPP, mas com as diligências que estavam no curso, já tínhamos a identificação dele, o endereço, o veículo e o nome do suspeito naquele momento. Por isso realizamos o flagrante”, afirmou o delegado.
Edison Pick explicou, ainda, que a arma usada no crime, uma pistola Taurus 938, estava registrada em nome do procurador e ele tinha porte de arma concedido pela Polícia Federal. “Ele poderia estar armado naquele momento”, disse.
Luiz Eduardo disse, em depoimento, que atirou após a vítima ter feito menção de entrar em seu carro pela janela, que estava aberta.
“No vídeo que a gente apresentou no flagrante mostra apenas a projeção do suspeito quando ele faz o disparo. Então, não tem como ver se o Ney, a vítima, fez essa projeção que o suspeito fala no interrogatório, que ele fez menção de entrar dentro do veículo pelo vidro aberto”, afirmou.
Outras imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas pela Polícia.
Prisão
O procurador passará por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira. A Polícia já representou pela conversão da prisão em preventiva, por se tratar de um crime hediondo, ou seja, grave.
O caso está sendo investigado em segredo de justiça.
Veja o vídeo:
Dinâmica
Segundo o depoimento, momentos antes de cometer o homicídio, o suspeito estava num estacionamento do posto Trevo do Jardim das Américas jantando com a sua família, quando Ney começou a depredar alguns veículos que estavam estacionados.
“O suspeito foi até seu veículo, verificou o dano, voltou, jantou, levou sua família para casa, procurou a guarnição da Polícia Militar no Shopping 3 Américas, relatou os fatos. Foi até ao posto policial do Boa Esperança e relatou os fatos. Quando estava voltando para sua residência, no caminho encontrou com o suspeito, momento em que fez o disparo”, explicou.
Segundo o delegado, entre um posto policial e o outro, o procurador viu o Ney e na volta o encontrou do outro lado da rua, local onde efetuou um único disparo que atingiu a testa da vítima.
“Quando ele volta encontra o Ney Muller do outro lado da rua, onde ele efetua o disparo. Não digo uma execução, mas ele pode ter premeditado”, afirmou o delegado.
“Ele já chega com os vidros abaixados, tanto do lado motorista como do lado passageiro. Quando ele chega próximo a vítima, ele chama, a vítima vem e aí ele efetua o movimento de empunhar a arma e efetua o disparo”, completou.
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