Um vídeo divulgado nesta quarta-feira (29) mostra trechos do depoimento do detento de 31 anos que sofreu estupro coletivo na noite de segunda-feira (27).
Eles fizeram um suco e colocou o suco pra todo mundo beber. O copo que estava batizado era o meu
O crime ocorreu no Centro de Detenção Provisória Benildo José do Nascimento, em Tangará da Serra (241 km a sudoeste de Cuiabá).
As imagens foram divulgadas pelo VGNotícias. Aos investigadores, a vítima contou que foi dopada com seu próprio medicamento controlado, que foi misturado em seu suco sem que ele percebesse. Ainda conforme o depoimento, ele disse que gritou por socorro, mas foi ignorado pela policial penal que o atendeu.
“O que aconteceu é que assim, doutor: lá é uma ala específica para LGBT, só que nem todo mundo que está lá é o público que deveria estar lá. O meu companheiro que estava lá foi transferido para outra unidade, foi na onde eles [os outros detentos] começaram a ficar de gracinha. [Diziam] ‘Bora fazer um sexo, bora fazer isso, bora fazer aquilo’”, disse ele.
“Aí eu sempre me negando, não querendo fazer. Quando foi de manhã, levaram a gente para pegar os remédios psicotrópicos, porque toda segunda-feira de manhã nós pega. Eu tomei o meu, e do nada sumiram meus remédios da vasilha. Lá a gente pega para sete dias”.
Depois de tomar a bebida “batizada”, o detento relatou que começou a se sentir tonto, e foi neste momento que percebeu que havia ingerido mais remédios que o normal. Após isso, ele foi segurado por um dos homens e foi estuprado pelos outros cinco.
“Eles fizeram um suco e colocou o suco pra todo mundo beber. O copo que estava batizado era o meu […] Não era o suco inteiro que estava batizado. […] Eu já sou acostumado a beber remédio. Então eu vi que eu já estava ficando grogue, e foi na onde que começou. Eles querendo fazer sexo, eu falando que não. Aí o outro já segurou e começou”.
Em outro trecho do depoimento, a vítima responde ao investigador, que questiona onde estavam os policiais penais quando ocorreu o crime, e o detento revela que foi ignorado depois de gritar por socorro.
“Eu chamei. Eu gritei. Aí foi a policial penal chamada [inaudível]. Eu falei pra ela o que tinha acontecido e ela perguntou: ‘Uai, você não gosta? Você está na sua ala, você tá aí pra fazer isso mesmo’. Só isso”.
“Fui ameaçado. Todos eles [me ameaçaram], principalmente [inaudível]. Eles falaram que se der algum B.O. pra eles, se algum policial ficasse sabendo, eles iam me matar. Lógico [que tenho receio], doutor. Do jeito que é cadeia”.
Em nota, a Sejus (Secretaria de Estado de Justiça) de Mato Grosso informou que a Corregedoria apura se houve falha no procedimento de socorro à vítima.
O caso é investigado pela Polícia Civil.
Veja o vídeo:
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