A prefeita de Várzea Grande Flávia Moretti (PL) criticou o presidente da Câmara Municipal, Wanderley Cerqueira (MDB), após ele desencorajar uma investigação na Comissão de Ética contra os vereadores Kleber Feitoza (PSB) e Adilsinho (Republicanos), que foram alvos da Polícia Federal.
Fico muito triste de ter um presidente de Câmara com essa posição política
Adilsinho e Feitoza são suspeitos de compra de votos nas eleições de 2024. A Operação Escambo Eleitoral apurou que eles teriam oferecido dinheiro, óleo diesel e até fornecimento de água em troca de voto.
Questionado sobre o ocorrido, o presidente da Câmara disse que a operação era um “fato isolado” e defendeu que não deve ser apurado pela Comissão de Ética por se tratar de um tema eleitoral.
“Primeiro que eu acho que tudo quanto é denúncia tem que ser investigada. E se a Polícia Federal está investigando a Câmara deve investigar e o presidente deve deixar que os vereadores decidam se investigam ou não”, afirmou Flávia em entrevista ao Conexão Poder.
“Fico muito triste de ter um presidente de Câmara com essa posição política”, acrescentou.
A prefeita ainda classificou como “infeliz” a declaração do presidente e disse acreditar que ele pode ser acusado de prevaricação por tentar barrar a apuração da Câmara.
“Ele não pode arquivar e sentar. Se ele fizer isso está incorrendo em uma prevaricação, porque a função dele é colocar o processo para votação”, disse.
“Eu acho que ele tem que deixar com que a democracia, a justiça, a transparência seja apurado pelo demais vereadores. E se a Câmara entender por não cassar, ai tudo bem. Porque a Polícia Federal não vai parar. A cassação eleitoral, se a Câmara não cassar, pode ainda tramitar pela Justiça Eleitoral”.
Divulgação
Os vereadores Feitoza e Adilsinho, que foram alvos da PF
A operação
A investigação da Polícia Federal teve início no dia da eleição, em outubro passado, quando dois homens foram presos em flagrante acusados de compra de vota, com santinhos dos então candidatos.
No pleito, Feitoza foi eleito com 2.438 votos e Adilsinho com 2.249 votos.
No entanto, a operação só foi deflagrada na terça-feira (11) passada. Os policiais cumpriram quatro mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso.
Feitoza e Adilsinho tiveram os gabinetes na Câmara vasculhados pelos agentes.
Confirmada a autoria dos crimes, os responsáveis poderão responder ação por captação ilícita de sufrágio (compra de votos) e associação criminosa, cujas penas podem chegar até sete anos de reclusão.
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