A aposentada Regina Inácio, de 73 anos, injustamente acusada nas redes sociais, na última semana, de integrar um esquema criminoso para atrair vítimas a serem assaltadas nas ruas de Cuiabá, afirmou que não deseja a ninguém o que está passando.
Eu não guardo mágoa, quero que Deus tenha misericórdia dessas vidas, porque o que estou passando eu não desejo para ninguém
“Eu não guardo mágoa, quero que Deus tenha misericórdia dessas vidas, porque o que estou passando eu não desejo para ninguém”, declarou ela em entrevista ao programa Cadeia Neles, da TV Record.
A idosa, moradora do bairro São João Del Rei, viralizou após ser filmada chorando pelos muros da capital.
A tenente-coronel Athayses de Oliveira Assunção Perez, do 24º Batalhão da Polícia Militar, gravou um vídeo esclarecendo as imagens e desmentindo qualquer ligação dela com esquemas criminosos.
Segundo a comandante, a Polícia Militar recebeu diversas mensagens denunciando um suposto esquema, no qual a idosa choraria pelas ruas de Cuiabá e, ao ser abordada por alguém que quisesse ajudar, essa pessoa seria assaltada.
“Ela não consegue se controlar e sai às ruas para chorar”, explicou a coronel. “Constatamos que não se trata de uma pessoa com antecedente criminal, na verdade é uma pessoa que precisa de ajuda”, completou.
Endividada e sem renda
Dona Regina contou que mora de aluguel com o filho e tem uma dívida que ultrapassa os R$ 9 mil.
“Moro de aluguel com o meu filho doente, de 51 anos. Ele sofreu traumatismo craniano e depende de mim”, relatou.
“Eu fiz um empréstimo consignado para comprar um medicamento dele, que muitas vezes não encontro no posto de saúde. O pai dele me abandonou quando eu estava grávida”, disse.
Regina é pensionista e também recebe o auxílio-doença do filho, mas, por conta das dívidas, afirmou não ter acesso ao salário integral.
“No dia 10, é dia de pagar o aluguel, que custa R$ 1 mil. A conta de água está atrasada há dois meses, e a energia foi cortada”, disse.
A idosa revelou que sai às ruas para chorar a fim de evitar que o filho tenha crises.
“Muitas vezes, eu saio para ficar sozinha, porque, na frente dele, ele se emociona e tem crises. Ele percebe que estou triste, porque faltam coisas em casa”.
O filho sofre de crises de epilepsia e, segundo Regina, às vezes não consegue nem realizar suas necessidades no banheiro.
“Tem vezes que ele não consegue ir ao banheiro, suja a casa toda, e às 3h da manhã eu tenho que levantar e lavar a casa, aja produto de limpeza”.